
Aquela rotina que cansa, sabe? Não a dos dias previsíveis, dos mesmos caminhos percorridos, que eu tô falando, essa aí, mal conheço! Falo daquela outra, presa em ti e em mim, quase sempre entre nós. A mesmice que ocupa o lugar do amor surpreso, da excitação que escorre pelos poros, e acinzenta as melhores intenções. Tão mais trágica, não?!
Não era bem com esse sentimento repetitivo o meu acordo. Outro tipo de entrega era o que eu esperava, a tal confusão proposital entre um e outro. Onde começa? Onde termina? Se é que termina. Enquanto tu não chegavas, era outra trilha que eu ensaiava, aquela música pra se dançar a dois, a tal poesia particular que outro dia eu argumentava, só nossa, entende?
Quando eu te tirei no salão, meu interesse era a companhia, não o compasso. Eu queria mesmo era o distúrbio, pra que fizéssemos do nosso jeito, mas parece que cansaste. Dois tropeços e tu já querias parar.
Ouça meu pedido disfarçado de conselho: não sentes antes da hora nem te acomodes no lugar-comum, como aqueles que não têm mais nada para esperar. Agora que começamos a acertar o passo, improvise comigo! Que vez ou outra nos falte o fôlego, mas nunca o ânimo. Aumente o som, por favor, para que bailemos no ritmo novo do imprevisto, pra gente nunca mais se cansar.