
‘Pra falar de tolerância
e acabar com essa distância
entre nós dois’
Ana Carolina
Professou sua fé sem dialogar,
boca muito aberta, ouvidos fechados,
com receio de ver o outro se expressar.
Falou sem ouvir,
acreditou sem dividir,
viveu de discursos alheios repetir.
Enxergou no contrário, adversário.
Excomungou a diferença.
Embora vasto fosse o mundo,
só lhe bastava a sua crença.
Reproduziu a intolerância,
confundiu tudo e propagou a ignorância.
Cabeça baixa, olhos no chão.
Foi capaz de tanta coisa,
mas de aceitar que ao seu redor
coexistiram outras verdades…
Ah, isso não!
Viveu só. Mudo e só.
Pensou que fora chamado, a vida inteira, de intransigente
pela crença que carregava, mas não.
Fora chamado assim pelo medo absurdo de encarar
outras crenças de frente.
Assim até eu. Meu querido, até eu!