Amar é ler um texto e desejar tê-lo escrito só para ti. É escutar a música brega, de sequências clichês, e jurar que um dia a compus para te embalar.
É ver teus cabelos, tuas manias e teus beijos em melodias e arranjos mal feitos. Em conversas de esquina, em bancos de praça, em filas de banco, em bancos de igreja, nos santuários escondidos das minhas paixões. É ser em cada frase, espelho. Em cada metáfora, reflexo.
É te notar e sentir involuntariamente todas as minhas frequências aumentar. Pulsar. É te ter além… das reticências. É. tentar. te. prender. em. cada. repetitivo. ponto. e. mal. colocada. vírgula, É te pertencer só por entrelinhas e nem me importar.
Amar é com as minhas mãos te olhar, com meus olhos te roçar, com a minha boca te ouvir e do nada toda essa lógica trocar, só pra novas formas de te ter, experimentar. É te mastigar com ouvidos, braços, narinas e dentes. E em todas as tuas conjugações s-i-n-e-s-t-e-s-i-ar!
É de sentidos alheios me apropriar. É também negar direitos autorais por mera pretensão de achar que eles não são de mais ninguém. É emprestar sem devolver e ainda te oferecer. É se achar na obrigação de, ao saber que tá faltando, completar. Ou pelo menos tentar.
É costurar os sentidos, rasurar, corrigir, rabiscar, apagar e novas letras (re)desenhar. É colorir com as tuas nuances mais imperceptíveis e tuas sutilezas mais notáveis. Emoldur-arte.
É escrever, escorrer, reescrever, ver(-te) e continuar a escrever, mesmo sem ter no calendário um dia marcado para você me ler.
(Coraçãozinho da Fabí)